Não sou católica, mas adorava a gruta e já fui várias vezes no local, para aproveitar a tranquilidade e o bem-estar que proporcionava. Hoje, revisando as edições do Jornal do Oeste da semana, li o Editorial sobre esse absurdo cometido pela empresa imobiliária, pelo Seminário e pela Prefeitura. Acredito que o jornalista Marcio Pimentel expressou muito bem a indignação daqueles que como eu sentiam apreço pelo local.
O fim da gruta
Atualizado em: 24/08/2011 - 06:00
Disponível em: http://www.jornaldooeste.com.br/blog-editorial/523/
Acabou. A história da Gruta do Verbo Divino, em Toledo, terminou numa fria manhã de terça-feira (23), quando um trator destruiu em alguns minutos o que uma comunidade inteira levou uma vida inteira para construir. Ah, sim, porque a gruta não representava apenas a estrutura física, mas todo um carisma espiritual, um espaço preservado e que transpirava a paz.
O ato em si representa, claro, o crescimento de Toledo. É um marco a mais na história de desenvolvimento do município. Todavia, uma cidade que cresce sem preservar seus espaços, seus monumentos, certamente não merece os louros do chamado desenvolvimento sustentável.
Por mais que as explicações sejam plausíveis, ainda assim não justificam a derrubada da gruta, assim como algumas mudanças urbanas feitas nos últimos anos, acabando com a essência do início de Toledo. O avanço urbano deve existir, até porque é através dele que também se mede o grau de crescimento da cidade. Deve existir, desde que respeite alguns ícones da sociedade onde está inserido.
O fim da gruta não é um crime apenas contra quem freqüentava aquele espaço. É um atentado contra toda a sociedade, seja ela católica ou não. Pior ainda é perceber o descaso de padres a respeito do assunto, como a Igreja fosse meramente uma arrecadadora de tributos. Felizmente é uma minoria que assim pensa e age. Infelizmente, uma minoria com poder de decisão.
Estranha também o silêncio por parte da Diocese de Toledo em relação ao assunto. Ao menos oficialmente nada foi feito para impedir essa derrubada.
Não se trata de erguer um novo espaço, até porque aquela gruta trazia consigo uma história, uma espécie de gene impregnado nas pedras, nos arbustos, nas flores e velas depositadas durante ao longo de seus cerca de 50 anos.
O desenvolvimento em Toledo é feito na base da patrola. Não se conservam prédios, não se conservam igrejas, não se preservam árvores centenárias. Não se mantém grutas com décadas de histórias, de alegrias e tristezas, uma das mais profundas eternizadas ontem, embalada ao som de um motor a diesel.
É gente... Toledo está crescendo... Aos que moram e gostam de morar em Toledo: Será que é isso que queremos para a nossa casa?