Olá pessoal, compartilho um texto interessantíssimo. Vale a pena ler!
O racismo visto como folclore
Do Terra Magazine
Noruega ensina que racismo não pode ser visto como folclore
Se existe algo que o massacre na Noruega pode nos ensinar é que racismo, machismo e xenofobia não devem ser tratados como mero folclore.
Entre as palavras e as ações há um longo caminho, mas sempre pode existir alguém disposto a percorrê-lo.
Sarah Palin, candidata republicana a vice-presidente e musa do ultra-conservador Tea Party, dizia que a deputada democrata Gabrielle Giffords era um dos "alvos a serem abatidos" na política norte-americana.
Não há hoje quem não tema as possíveis consequências políticas de uma Europa economicamente em frangalhos -a lembrança da mistura depressão-fascismo do século XX ainda é suficientemente viva para suscitar este temor. Mas parece não ser o bastante para afastar a xenofobia, agora focada na repulsa ao Islã e a imigrantes que vem da África e Ásia.
A recente era da globalização só funcionou enquanto serviu como uma segunda colonização.
Os países periféricos foram instados a abrir seus mercados, homogeneizar suas normas, privatizar e internacionalizar suas empresas estratégicas, criando mercados alternativos ao já saturados no hemisfério norte.
Mas o mundo tornou-se global apenas em uma direção, pois as fronteiras voltaram a se fechar de forma ainda mais vigorosa, com a construção de grandes muros e o recrudescimento das leis de imigração - imigração esta que em outros tempos supriu com mão de obra barata, serviços que nacionais se recusavam a cumprir.
Pouco se pode fazer, é verdade, para impedir de todo ações repentinas de vingadores que se sentem representantes de uma nova cruzada, propondo salvar o mundo com toscas visões.
Mas estimular o discurso do ódio certamente não é uma delas.
O alarmismo com a fé diversa, o maltrato com o forasteiro e o diferente, o apego extremado a valores moralistas, são o caldo de cultura próprio para gerar ações excludentes, que tanto podem reverter em atentados quanto desembocar em políticas de Estado. Afinal, o que pode ser mais terrorista que o Holocausto?
Se a história se repete, como profetizava Marx, o receio é que nos abata mais uma vez como tragédia. Parafraseando Martin Luther King, parece ser o caso de nos preocuparmos tanto com o silêncio dos bons, quanto com o grito dos maus, este cada vez mais ensurdecedor.
O Brasil não vive o momento depressivo que se espalha pela Europa e Estados Unidos, fruto dos desvarios neoliberais, que maximizaram os mercados e o lucro e minimizaram as regulações.
Ao revés, vive anos de crescimento que resultaram em inesperada mobilidade social, mas isto também é motivo para cautela.
À incorporação de direitos civis a grupos minoritários, como homossexuais, instaurou-se uma brigada da moral, com forte apelo religioso. À incorporação ao mercado consumidor de uma classe emergente, recém-saída da linha de pobreza, levantou-se reação de quem se sente invadido em espaços até então exclusivos, entre faixas de automóveis e assentos de aviões. Ao pujante crescimento do Nordeste, esboça-se uma xenofobia de cunho separatista.
Aqui, como na Europa, devemos temer, sobretudo, aos que se propõe a nos higienizar ou recuperar valores tradicionais, que apenas remontam a mais exclusão.
O antídoto ao fascismo é o exercício da democracia e a preservação da dignidade humana como vetor de políticas sociais.
Só se abate o preconceito acreditando na igualdade.
Texto disponível em: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-racismo-visto-como-folclore - Acesso em 27/07/2011 - 21h15min
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